quarta-feira, 14 de julho de 2010

OLHAR VELADO A DESCOBERTO


Foi então que reparei naquele olhar.
Era uma menina.
O cabelo negro, forte e despenteado, esconde-se a coberto dum manto rubro incompreendido da guerra.
O mar esmeralda do seu rosto estava seco de distância e eram como janelas com deserto dentro que não deixam senão sombras no íntimo e na alma.

A pele bronzeada pela angústia e pelo frio sem esperança do amanhã  já vincou no seu rostinho duas ribeiras de desespero em busca dum mar distante.
Será que os seus olhos penetrantes de águia conseguem ver para lá dos secos e desesperançados montes  afegãos?
Será que seus olhos conseguem chegar mais longe que a sua imagem?
Não consegui saber se está triste ou  se os seus olhos são a indiferença ocidental a uma infantil e dura solidão.
Será que ela já antecipava o vazio pátrio  indefinido do presente?
Que mundo estará inscrito naquele olhar, separado por vinte anos? Que a maternidade, que lutas, que esperanças ainda podem sorrir por detrás daquele novo véu?
Nem ela o sabe.

imagem http://www.letsvamos.com/letsblogar/wp-content/uploads/2009/04/meninaafega1.jpg

3 comentários:

  1. Correu o mundo, sem o saber; agora que já lho disseram, suponho que não será capaz de maginar o quão famosa é; talvez por nada ter feito para conquistar essa fama; não percebe que lhe bastou ser belíssima; no mundo dela isso não deve ser suficiente.

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  2. A beleza é quase «proibida» no reino do fanatismo religioso. é quase pecado...
    Coitados a Idade Média parou ali...

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  3. Por acaso estou a ler um livro que se chama " Jamais sans ma fille" de Betty Mahomoody, uma americana que casou com um iraniano e que acabou literalmente "TRAMADA". Dá-nos uma visão pormenorizada do fanatismo doentio deste povo, o que de certe forma justifica a nossa desconfiança e medo de tudo o que não pertence à cultura ocidental.

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